Resumo “É tão perigoso falar do que desata?”, questiona Laura Erber no texto (poema?) “A retornada”, que encerra o livro homônimo lançado pela Relicário Edições em 2017. A escrita que parece conjugar aspectos biográficos da autora e elementos que fogem à especulação autoficcional organiza-se em torno de um binômio: o questionamento de uma presença de autor que remeteria ao design de si e à forma e o exercício crítico empreendido por toda a obra. Em primeiro lugar, o conforto da presença de um eu-lírico, que indicaria certa adequação à forma, esvai-se diante do sentimento confesso da autora a respeito da imprecisão classificatória de todo o livro. Abstraindo as etiquetas de gênero do texto de Laura Erber e em certa medida relativizando a noção de autonomia do literário, interessa-nos explorar a construção de um design de si (Groys, 2016) e o exercício crítico (Laddaga, 2013) da autora, ambos ligados à forma em que vários índices textuais procuram orientar a recepção, ainda que fazendo implodir o horizonte de expectativas de seus leitores (Jauss, 1994).
Abstract “Is it so dangerous to speak of what unleashes?”, asks Laura Erber in the text (poem?) “A retornada”, which closes the eponymous book released by Reliquary Editions in 2017. Erber’s writing, which seems to combine biographical details and elements that tend towards autofictional speculation, is organized around a binomial: the questioning of an author's presence that refers to the construction of self and to the form and the critical exercise undertaken by the whole work. In the first place, the comfort of the presence of a lyrical self, which would indicate a certain appropriateness to the form, comes before the author's confessed feeling about the classificatory imprecision of the whole book. Extracting gender labels from Laura Erber’s text, and to some extent relativizing the notion of literary autonomy, we are interested in exploring the construction of a self-design (Groys, 2016) and the author's critical exercise (Laddaga, 2013) both linked to form, in which several textual indexes seek to guide its reception, despite imploding its readers’ horizon of expectations (Jauss, 1994).
Resumen “¿Es tan peligroso hablar de lo que desenlaza?”, es lo que cuestiona Laura Erber en el texto (¿poema?) “La retornada”, que encierra el libro homónimo lanzado por Relicário Edições en 2017. La escritura que parece mezclar aspectos biográficos de la autora y elementos que huyen a la especulación autoficcional se organiza alrededor de un binomio: el cuestionamiento de una presencia de autor que remitiría al diseño de sí y a la forma y el ejercicio crítico emprendido por toda la obra. En primer lugar, la comodidad generada por la presencia de un yo lírico, lo que señalaría cierta adecuación a la forma, se disipa ante el sentimiento evidente de la autora respecto a la imprecisión clasificatoria de todo el libro. En el caso de Laura Erber y, en cierta medida relativizando la noción de autonomía de lo literario, nos interesa explorar la construcción de un diseño de sí (Groys, 2016) y el ejercicio crítico (Laddaga, 2013) de la autora, ambos vinculados a la forma, en que varios índices textuales buscan orientar la recepción, aunque haciendo colapsar el horizonte de expectativas de sus lectores (Jauss, 1994).